Debate destaca papel dos exercícios físicos para combate a Covid-19

Um projeto de lei que entrou em pauta gerou amplo debate na sessão ordinária desta segunda-feira (5), inclusive com utilização da Tribuna Livre pelo educador físico Antônio César Leandro. A proposta reconhece como essencial a prática a atividade física em estabelecimentos prestadores de serviço e espaços públicos em tempos de crise ocasionada por moléstias contagiosas ou catástrofes naturais. O projeto foi encaminhado para análise das comissões da Câmara Municipal.

A partir desse projeto, as restrições do direito de pratica exercício físico nos locais mencionados deve estar baseada em decisão administrativa fundamentada da autoridade competente, a qual deverá expressamente indicar a extensão, os motivos e critérios científicos e técnicos embasadores das medidas de segurança ou sanitárias impostas. De acordo com o autor, vereador Pedro Delfante (PL), a saúde é um direito social previsto na Constituição Federal, "devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, garantindo-a através de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos, assegurando acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação".

Atividades essenciais

O debate sobre o projeto girou em torno de quais atividades são essenciais e da importância da prática de exercícios físicos para a saúde. Vinicio Scarano (CIDADANIA) lembrou que ele e o vereador Sérgio Gomes (PTB) têm proposta similar, ambos pediram para assinar o projeto. Ele destacou que é incoerente não aceitar como essencial "uma atividade física monitorada por profissionais, em estabelecimentos credenciados, com os protocolos de saúde devidos", já que é comprovado cientificamente que a prática auxilia tanto a prevenção quanto a recuperação da Covid-19, cuidando da saúde física e mental das pessoas. "É óbvio que todo serviço que traz sustento a uma família é essencial. Mas, como nós temos algumas restrições via governo federal e estadual, acho muito válido citarmos as atividades físicas como essenciais".

Nessa linha, José Luiz das Graças (PRB) afirmou que irá apresentar emendas ao projeto para que todas as atividades sejam consideradas essenciais. "Temos que abraçar a todos. Todo serviço é essencial porque sem trabalho a pessoa não come, bebe, se locomove, não vive. Foi muito importante a aprovação desse projeto mas não podemos esquecer as outras categorias". Em resposta, Pedro Delfante pontuou que a discussão é especificamente sobre o projeto, que busca "decretar como essencial a saúde": "quem não é sedentário tem muito mais chances de se recuperar da Covid-19. Nesse momento, não estamos discutindo outras atividades comerciais. Estamos todos preocupados com todas as questões e buscando mecanismos de superar isso", posicionou-se.

Maria Aparecida Cerize (PSDB) e Sérgio Gomes também ressaltaram os benefícios  médicos dos exercícios físicos. Todos concordamos que todas as atividades são essenciais e que, seguindo os protocolos, deveriam estar abertas. Mas alguma situações estão acima de nós. Entendo que a propositura da Casa é de quanto mais a gente conseguir ampliar espaços, é o que estamos fazendo nesse momento. Vamos unir forças para tudo ser considerado essencial. Feito da forma correta, não é o problema. O problema são as coisas clandestinas, encontros sem máscaras, sem uso de álcool em gel e sem distanciamento social; são as pessoas que estão com sintomas e fingem que não estão, negligenciam o isolamento e ficam em contato com outros. Isso é o grande agravante", opinou a vereadora.

Tribuna Livre

O professor de educação física e presidente do Conselho Municipal de Esportes, Antônio César Leandro, foi convidado a falar da tribuna sobre a importância dos exercícios físicos no atual contexto de saúde. Ele defendeu a atividade física como forma de prevenção e tratamento da Covid-19. "A proposta não é simplesmente liberar a atividade física. A ciência prova a essencialidade do exercício físico para prevenção e tratamento de muitas enfermidades. Nós, profissionais de educação física, queremos que a atividade física seja inserida num programa de prevenção para que a sociedade paraisense seja mais saudável. A médio e longo prazo, vamos começar a contabilizar menos internações e mortes por Covid, por exemplo", defendeu, ressaltando ainda que os exercícios aumentam a imunidade do organismo.

Nessa mesma linha, ele também argumentou que o projeto Vida Ativa (voltado aos idosos paraisenses) deve voltar a funcionar. "Por exemplo, no estacionamento da Arena Olímpica é possível desenvolver o projeto dentro do distanciamento social previsto na onda roxa. Podem ser usados outros espaços também". O profissional também propôs que os postos de saúde dos bairros façam uma triagem dos cidadãos de risco (idosos e com outras comorbidades) para que esses recebam atenção próxima do poder público no combate ao novo coronavírus, incluindo a promoção da atividade física.

Cidinha Cerize e Lisandro Monteiro (SD) manifestaram-se favoráveis ao retorno do Vida Ativa. Lisandro frisou ainda a necessidade de pensar em ações para as crianças, que estão em casa sem aulas presenciais. Os vereadores também se manifestaram a favor de políticas públicas permanentes e mais investimentos no setor esportivo no município.