Enquanto mais de 30 mil manifestantes se reuniram em Varginha na manhã do dia 16, segunda-feira, em São Sebastião do Paraíso uma caminhada pacífica organizada pela Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp) e pela Cooperativa dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso) percorreu algumas ruas centrais da cidade com o objetivo de estender as reivindicações do setor cafeeiro a outros focos regionais. De acordo com estimativas dos organizadores, aproximadamente mil pessoas participaram do evento em Paraíso.
Concentrando-se na Praça Comendador José Honório, os manifestantes seguiram pela Rua Dr. Placidino Brigagão e pela Avenida Ângelo Calafiori, chegando à Praça Nossa Senhora da Abadia, ponto final da caminhada. Em frente à igreja, alguns líderes políticos e do setor cafeeiro discursaram a respeito da situação da cafeicultura e da agricultura no Brasil. Palavras como “crise”, “protesto”, “descontentamento”, “união” e “soluções” foram a tônica do momento que ficará marcado pela ousadia da iniciativa.
Antonio César Picirilo, vereador no terceiro mandato, foi um dos que se manifestou publicamente. “Se esta crise continuar e não tivermos apoio do governo, teremos muitos desempregos, fome e miséria. Nosso Município gira economicamente em torno do café e a situação está delicada. Sou a favor de colocarmos máquinas na rodovia federal se não recebermos apoio”, declarou. O comércio paraisense não aderiu totalmente ao movimento, não sendo raro ver estabelecimentos comerciais e instituições financeiras de portas abertas enquanto passavam os manifestantes. O vereador Ailton Rocha de Sillos, presidente da Câmara Legislativa e da Acissp, afirmou que os comerciantes foram informados e solicitados a fechar as portas durante a caminhada, como gesto de solidariedade e engajamento. “Temos que agradecer aos comerciantes que foram solidários à nossa luta. A colaboração deixou a desejar, muito embora tenhamos feito mais de 400 telefonemas lembrando os comerciantes da importância de aderirem ao ato. O momento pede união porque a crise no campo afeta o comércio. Esperávamos maior adesão do comércio, nem que fosse como reconhecimento ao trabalho voluntário que temos dedicado à Acissp ao longo destes 15 anos”, frisou Sillos.
Uma loja de materiais de construção localizada à Avenida Ângelo Calafiori foi o exemplo único de apoio declarado à causa. Em sua fachada via-se sacos de Café do Brasil e uma faixa onde se lia: “Agricultura é fundamental para o desenvolvimento comercial”.
Segundo José Carlos Alves Pinto, vice-presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental (Codema), a crise no campo precisa ser sentida no meio urbano para que haja solidariedade. “Se pararmos de produzir um ano, as pessoas da cidade vão sentir na pele e a situação vai mudar. Mas o produtor rural tem que deixar de ser acomodado e realmente tomar posição. Esta caminhada deve ser o início de uma grande luta em prol da produção rural”, afirmou.
Apesar da baixa adesão do comércio e por parte dos cidadãos paraisenses, a caminhada deve ser vista como o início de uma mobilização que tende a crescer em toda região do Sul e Sudoeste de Minas. “Foi muito positiva porque chamou a atenção da comunidade paraisense para a triste realidade por que passa a produção rural, especialmente a cafeeira, em nossa região”, finalizou Ailton Sillos.